Gauguin Começa a Pintar

O Cristo Amarelo, 1889
Continuação de: Gauguin, O Princípio de Uma Lenda

Antes do casamento, na época das temporadas em Saint-Cloud, Gauguin começa a pintar. Logo se interessa pelo movimento impressionista. Em 1876 envia ao Salon de Artistes Français uma de suas primeiras pinturas, que é aceito. Gauguin também faz algumas tentativas no campo da escultura e com uma estatueta que se apresentará pela primeira vez numa exposição impressionista em 1879. A partir de 1880, sua participação no grupo impressionista torna-se mais regular e ativa.

Em 1883, Gauguin deixa seu emprego na bolsa de valores. Esta decisão provavelmente foi tomada devido à várias circunstâncias, em 1882 uma grande crise financeira sacudia profundamente o mundo dos negócios. Gauguin dedica-se só a pintura, mas desde o começo os resultados econômicos nesta atividade não são encorajadoras. Um amigo seu, Émile Schuffenecker também deixa a bolsa.


Pissarro teve importância capital na entrada de Gauguin para o grupo impressionista.

Em 1883 Gauguin muda-se com a família para Rouen, mas não dá certo. Em 1884 vão para a Dinamarca (ideia de Mette). Antes de partir, Gauguin obteve de uma fábrica de impermeáveis a representação para a Dinamarca, pensando em conseguir pedidos de encerado e velas. Na Dinamarca, não consegue se relacionar com a família da esposa, que pertence a uma burguesia convencional e que ficam chocados com seu anti-conformismo. Vencida a representação dos impermeáveis, tenta a sorte como pintor, mas sem resultado.

No final do mês de maio Gauguin volta para a França. Com ele irá o filho Clóvis, com 6 anos. Mette ficará na Dinamarca.

Em Paris, Gauguin fica na casa de Schuffenecker, depois retorna a Impasse Frémin, voltando no fim de setembro à casa de Schuffenecker, após uma breve viagem a Londres e Dieppe. Em outubro, muda-se para a rua Cail. Nesse momento, começa um período de grande miséria. Consegue um trabalho de afixador de cartazes.

Em 1886 não melhora de vida e suas relações com Mette se tornam cada vez menos cordiais.

Em maio participa da oitava exposição impressionista com 18 quadros.

Para viver de maneira menos dispendiosa, Gauguin decide ir à Bretanha. No final de junho, deixando o filho Clóvis em Paris vai a Pont-Aven, ao hotel de madame Gloanel.

O significado principal desta viagem é basicamente a afirmação da própria necessidade de independência a ruptura com a ordem burguesa e o desejo de reencontrar as verdades elementares de um ambiente simples e natural.

Sua técnica é ainda impressionista, mas ele gostaria de se desligar também desta revolução que não é mais sua.

Em novembro, volta a Paris e na primavera de 1887 decide acelerar a ruptura e tentar a sorte fora do mundo civilizado.

Gauguin resolve ir para o Panamá, pois em Paris, ao mesmo tempo que sua fama aumenta, ele continua sendo uma pessoa pobre. Mas no Panamá a vida é complicada. E algumas semanas depois, com o amigo Charles Laval, que conseguiu segui-lo nesta aventura, Gauguin emprega-se como operário nos trabalhos do canal. Assim ganha alguma coisa e parte para a Martinica. Com pouco dinheiro, em junho desembarcam em St. Pierre. Vendeu seus próprios relógios no porto mesmo, pois não encontram outro meio de conseguir dinheiro. Lá desenha bastante e pinta, mas em agosto fica doente, no inverno volta a Paris e fica na casa de Schuffenecker.

Apesar das desilusões a viagem à Martinica foi frutífera, lá começam a se delinear as características que nos anos posteriores se tornarão mais consistentes, até definirem um novo estilo que será uma forte reação ao impressionismo.

Em fevereiro de 1888 volta a Pont-Aven. Um encontro com o jovem pintor Émile Bernard foi desta vez decisivo. Émile também queria fugir do impressionismo: procura harmonizar sua arte com as ideias da jovem poesia simbolista. O seu desejo de encontrar um sistema que seja uma síntese através da simplificação das formas e da cor é uma oposição ao impressionismo. Sua ambição de dar ao quadro um significado espiritual que ultrapasse a simples evocação da natureza estava muito próxima da tentativa de Gauguin.

"...Este ano", diz ele, "sacrifiquei tudo, a execução, a cor, pelo estilo, porque queria impor-me algo diferente daquilo que sei fazer..." Esta atitude tão categórica desorienta muitos admiradores, mas lhe traz novas simpatias principalmente entre os jovens. "...Como vocês vêem estas árvores? São amarelas, então pintem-nas com amarelo. Aquela sombra azul, pintem-na de azul..." "...Não copie muito da natureza", escreve a Schuffecker em agosto de 1888, "A arte é uma abstração, esprema-a da natureza sonhando diante dela e preocupe-se mais com a criação do que com o resultado..." "...Os meus trabalhos caminham bem e creio que você encontrará uma nota particular, ou melhor, a afirmação de minhas pesquisas anteriores, a síntese de uma forma e de uma cor decorrente da observação do único elemento dominante..."

Ainda em 1888, Van Gogh, que havia 2 anos se tornara amigo de Gauguin, se estabelece em Arles, e os dois passam a se corresponder regularmente. Van Gogh convida Gauguin a ir morar na Provence, pensando formar um grupo de artistas independentes, juntamente com outros pintores. Em 23 de outubro Gauguin chega em Arles. Em pouco tempo, apesar da estima e admiração recíproca, o caráter dos dois faz com que se choquem: Gauguin duro, autoritário, ao mesmo tempo egoísta e generoso, Van Gogh sentimental e extremamente impulsivo. A companhia dos dois terminou em desastre. Van Gogh num acesso de loucura, agrediu Gauguin, que fugiu para Paris.

Em abril de 1889 irá novamente à Bretanha, a Pont-Aven. Em junho irá a Lê Pouldu. Neste ínterim, houve dois importantes acontecimentos: em fevereiro, uma exposição do grupo dos XX, em Bruxelas, onde os quadros de Gauguin provocam acaloradas discussões. E em junho uma exposição do grupo impressionista e sintetista nas dependências do Café Volpini.

Em 1890 Gauguin resolve que quer ir viver no Taiti. Para obter os frutos necessários para a viagem e acomodação em Taiti, Gauguin faz uma venda pública de suas obras, a 23 de fevereiro de 1891, no hotel Droudt.

Gauguin vai, por alguns dias a Copenhague, rever a família, e volta logo a Paris.

Gauguin recebe uma missão, graças à qual obtém condições muito vantajosas para a viagem, ao mesmo tempo que o governo recebe uma carta oficial para facilitar sua estada.

A 28 de março, seus amigos se reúnem em torno dele, num banquete com 40 pessoas, entre convidados, pintores e poetas, liderados por Mallarmé. E em abril Gauguin embarca em Marcelha a bordo do Oceánien.

OBS: Continua em: Primeira Viagem ao Taiti
Referências: Clique aqui

Comentários

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...