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Xul Solar, Rocas Lagui, 1933 |
Uma
semelhança visível nestes três artistas é que, em muitos momentos, eles criam
em seus trabalhos universos imaginários interiores.
A obra de
Xul Solar, dentro da dimensão estreita de seus formatos, se abre ao mundo
infinito do imaginário, da cara invisível das coisas, do mais além do presente,
descobre as arquiteturas construídas ou naturais do “pais longínquo”. Nesse
mundo interior, por tão próximo ao coração, não reina nenhuma desordem, nenhum
azar. O imprevisível se converte em evidente. Tudo obedece às leis secretas que
regem os planetas como a menor partícula do universo. As figuras se resumem ao
seu ornamento, às forças que simbolizam.
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Roberto Matta, Sem Título, 1959 |
Matta desenvolveu
vastos panoramas siderais e estudou a vida psíquica, como se explorasse a
superfície de um planeta. Depressa surgiram nestes universos crepitantes de
faíscas, personagens monstruosas, tentaculares, com garras, tal como insetos
gigantes e antropomorfos. Dizia que alguns de seus quadros eram explorações das
profundezas do eu. Somos tentados a comparar a sua pintura à ficção científica,
a ver nela, combates de extraterrestres e fugitivos na galáxia, mas isso seria
uma simplificação demasiado fácil. As figuras das suas telas não habitam
necessariamente um universo paralelo; são homens, ou antes, reflexos deformados
dos homens no espelho de um inconsciente perturbado, assustado ou agressivo.
Matta é um grande pintor cósmico, tentando exprimir a condição humana diante do
infinito e não no seio das realidades quotidianas.
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Rufino Tamayo, A Grande Galaxia, 1990 |
Certo
momento na obra de Tamayo, também passa a projetar personagens no espaço, onde
um impulso ascendente parece elevá-los até os astros do dia e da noite, que os
chamam com gestos e gritos. Personagens animados por uma espécie de vibração
cósmica, que oferecem seus diversos aspectos, estendidos diante dos outros, que
abrem seu coração e suas entranhas. Na realidade, é toda a criação de Tamayo
que sofre sua guerra e seu cataclismo. O homem é uma figura desmembrada,
enfrentada com os mistérios cósmicos, convertida em presa de forças invisíveis
e incontroláveis. Se antes era o centro do universo, agora se vê de repente
desesperançado, deslocado, arrebatado por um turbilhão de elementos. Vulnerável,
está exposto a todas as agressões. A desesperança e a loucura o espreitam.
Referências:
Catálogo de Las Obras del Museo Xul Solar. Buenos Aires: Fundación Pan Klub, 1990
ALEXANDRIAN, Sarane. Surrealismo. Ed. Verbo
PAZ, Octavio/LASSAIGNE, Jacques. Rufino Tamayo. México, DF. Ed. Pátria S.A., 1994
Esta postagem é continuação de:
Olá Raul!!!
ResponderExcluirGosto muito da obra de Xul Solar. O novo layout do seu blog ficou melhor assim o anterior era difícil para ler, a visualização da escrita não ficava tão nítida por causa das paisagens.
Bjs :)